Transição energética é urgente, mas ainda estamos engatinhando

Por Conexão Mineral 17/01/2024 - 22:17 hs
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Transição energética é urgente, mas ainda estamos engatinhando
Tomás Figueiredo Filho, advogado, especialista em mineração

Por Tomás Figueiredo Filho*

Estamos vivendo um momento único na história moderna da humanidade: a transição dos combustíveis utilizados para a geração de energia. A energia elétrica foi uma grande revolução que permitiu a evolução da industrialização, inicialmente movida à vapor, e iniciou uma era de prosperidade de grande desenvolvimento tecnológico.

Até então, toda a geração de energia que sustentou esse avanço industrial no mundo, foi alimentada pelo carvão e pelos combustíveis fósseis, derivados do petróleo. No entanto, o aumento das emissões de gases nocivos à atmosfera e o aumento da população, pressionaram o aumento do consumo de energia, o aumento da frota de veículos, até então todos abastecidos por petróleo, e trouxeram, também, o aumento das temperaturas do planeta.

À medida que evoluímos cientificamente, tomamos consciência dos riscos desse avanço acelerado e acordamos para as preocupações com o aquecimento global, que em 2023, trouxe os efeitos desses anos, com ondas de calor jamais vistas. Passamos a nos preocupar com a redução da pegada de carbono (termo que vem do inglês "carbon footprint", e diz respeito os rastros deixados na origem dessas emissões) e a nos importar com aquilo que estava mais próximo às nossas realidades, como a utilização de veículos movidos por combustíveis fósseis. Além disso, passamos a nos importar com a origem da energia que consumimos nos nossos lares, buscando nos informar se vinham de fontes renováveis, como a hidráulica, eólica e fotovoltaica. Muitos de nós, até, instalamos nossas próprias placas de geração solar.

Enquanto isso, o mundo vem aumentando seu consumo de carvão, a despeito dos países da União Europeia terem reduzido seu consumo, só em 2022, em 88 milhões de toneladas, e os Estados Unidos em 44 milhões de toneladas. A despeito desses esforços, só a Índia passou a consumir mais de 160 milhões de toneladas para gerar energia e dar vazão ao seu crescimento econômico -, e isso apenas esse ano no passado.

O mercado de petróleo, que movimenta recursos da ordem de quase 3 trilhões de dólares, é, ainda, o triplo de todo o mercado de mineração, fazendo com que todos os esforços empreendidos até agora fossem insuficientes para gerar uma redução significativa no consumo.

Isso soa como uma alerta para o tamanho do caminho que ainda precisaremos percorrer  até uma efetiva mudança de fontes de energia. As mudanças devem ser profundas e envolver esforços globais. Nessa esteira de providências está uma nova demanda por minérios. Esse incremento vem desde o minérios mais conhecidos, como ferro e cobre, até minérios que, apesar de serem conhecidos, tinham sua demanda estabilizada e suas reservas atuais suficientes para abastecer os seus usos, como o lítio.

Todas essas iniciativas são muito importantes, claro, porém, insuficientes para trazer uma real diminuição desse mercado. Realmente precisamos encontrar novas, ou ampliar o uso de antigas, conhecidas e consolidadas fontes de energia, como a energia Termonuclear. Somente assim poderemos ver reais mudanças, e aí sim, formas de geração de energia que trarão mais impacto na redução do aquecimento global.

(*) Tomás Figueiredo Filho é advogado, especialista em mineração e membro da Comissão de Direito Minerário da OAB Nacional